Obras literárias Barroco

Principais Autores e Obras

Os principais autores e obras escritas no Brasil são:
Bento Teixeira (1561-1618): autor de “Prosopopeia” (1601) poema épico, com 94 estrofes que exalta a obra de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da capitania de Pernambuco.
Versos decassílabos, dispostos em oitava rima, com 94 estrofes,  sem divisão de cantos, nem numeração de estrofes, cheio de reminiscências, imitações, arremedos e paródias dos Lusíadas. Há pequena ressonância do ambiente da Colônia, salvo algumas descrições da natureza: "Descrição do Recife de Pernambuco", "Olinda Celebrada!, a que não se pode ainda atribuir qualquer sentimento nativista.

Gregório de Matos (1633-1696): um dos maiores representantes da literatura barroco no Brasil, que se destacou com sua poesia lírica, religiosa, erótica e satírica. É conhecido como “Boca do Inferno”, uma vez que sua poesia ironizava diversos aspectos da sociedade.
O poeta religioso
A preocupação religiosa do escritor revela-se no grande número de textos que tratam do tema da salvação espiritual do homem. No soneto a seguir, o poeta ajoelha-se diante de Deus, com um forte sentimento de culpa por haver pecado, e promete redimir-se. Observe:
Soneto a Nosso Senhor
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido
Vos tem a perdoar mais empenhado.

Se basta a voz irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história.

Eu sou, Senhor a ovelha desgarrada,
Recobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.

 O poeta satírico
Gregório de Matos é amplamente conhecido por suas críticas à situação econômica da Bahia, especialmente de Salvador, graças à expansão econômica chegando a fazer, inclusive, uma crítica ao então governador da Bahia Antonio Luis da Camara Coutinho. Além disso, suas críticas à Igreja e a religiosidade presente naquele momento. Essa atitude de subversão por meio das palavras rendeu-lhe o apelido de "Boca do Inferno", por satirizar seus desafetos

Triste Bahia

Triste Bahia!
ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.
A ti tricou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e, tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.

O poeta lírico

Em sua produção lírica, Gregório de Matos se mostra um poeta angustiado em face à vida, à religião e ao amor. Na poesia lírico-amorosa, o poeta revela sua amada, uma mulher bela que é constantemente comparada aos elementos da natureza. Além disso, ao mesmo tempo que o amor desperta os desejos corporais, o poeta é assaltado pela culpa e pela angústia do pecado.

À mesma d. Ângela

Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós, se uniformara:
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama fluorescente;
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus o não idolatrara?
Se pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.

 O poeta erótico

Também alcunhado de profano, o poeta exalta a sensualidade e a volúpia das amantes que conquistou na Bahia, além dos escândalos sexuais envolvendo os conventos da cidade.



Necessidades Forçosas da Natureza Humana

Descarto-me da tronga, que me chupa,
Corro por um conchego todo o mapa,
O ar da feia me arrebata a capa,
O gadanho da limpa até a garupa.
Busco uma freira, que me desemtupa
A via, que o desuso às vezes tapa,
Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,
Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.
Que hei de fazer, se sou de boa cepa,
E na hora de ver repleta a tripa,
Darei por quem mo vase toda Europa?
Amigo, quem se alimpa da carepa,
Ou sofre uma muchacha, que o dissipa,
Ou faz da mão sua cachopa.

Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711): foi o primeiro brasileiro a publicar versos no estilo barroco. A principal obra é a coletânea de poemas Música do Parnaso, reunindo poemas em português, castelhano, italiano e latim e duas comédias em espanhol, “Hay amigo” para amigo e amor e “Engaños y elos”. Escrita em 1705 e publicada em Lisboa, tornou-o o primeiro autor nascido no Brasil a ter um livro impresso.
Na obra, destaca-se o poema À Ilha de Maré, com vocabulário típico dos barrocos, e um dos primeiros a louvar a terra e descrever com esmero a variedade de frutos e legumes brasileiros, lembrando sempre a inveja que fariam às metrópoles européias[2] É neste poema que pela primeira vez que aparece na poesia uma descrição da natureza tropical, com seus pescados, suas frutas, seus legumes.[1]


Frei Vicente de Salvador(1564-1636): historiógrafo e o primeiro prosador do país. De sua obra destacam-se: “História do Brasil” e “História da Custódia do Brasil”. O primeiro livro a oferecer interpretação sistemática da “história do Brasil”. Escrito parte na metrópole, parte na colônia, o manuscrito ficou ignorado no Brasil, mas não inteiramente em Portugal, onde circularam algumas cópias.
Algumas passagens dessa obra tornaram-se antológicas e, provavelmente, foi o que mais entusiasmou Capistrano de Abreu e estudiosos como Manoel Bomfim, José Honório Rodrigues e Francisco Iglésias. Pautados pelo desejo de dar um fim às narrativas de exaltação à colonização portuguesa (e protagonizadas apenas pelas elites tradicionais), eles identificaram nessas passagens “sementes” de um pensamento nativista, ou mesmo, como chegaram a sugerir Bomfim e Iglésias, as primeiras manifestações de “nacionalismo” já no século XVII.


Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768): autor de “Eustáquios” e “Descrição da Ilha de Itaparica”.
Eustáquios:
 Na obra destacou a descrição do inferno e a narrativa dos sonhos onde o Brasil é descrito numa época anterior ao seu descobrimento. Em Descrição da ilha de Itaparica fala sobre as belezas de sua ilha natal. Apreciava muito as obras de Camões, por isso suas obras mostram muitas influencias do mestre do Classicismo. Foi um dos precursores do nativismo literário.


Ref:


 Postado por Matheus.

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