Pronome


Na frase:
Prendi teu cachorro, mas não o maltratei.
A palavra o representa o nome cachorro e a palavra teu o determina, isto é, indica que o animal pertence à 2ª pessoa do discurso (a pessoa com quem se fala).
As palavras o e teu, nessa frase, são pronomes.
1.      Pronomes
São palavras que representam os nomes dos seres ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
2.      Classificação dos pronomes
seis espécies de pronomes:


·         Pessoais
·         Possesivos
·         Demonstrativos
·         Indefinidos
·         Relativos
·         Interrogativos


No exemplo citado acima, a palavra o é pronome substantivo, porque substitui o substantivo cachorro, ao passo que teu é pronome adjetivo, porque determina o substantivo junto do qual se encontra.
3.      Pronomes Pessoais
Observe as palavras grifadas deste exemplo:
            Mauro havia deitado tarde. Ele ainda dormia quando a mãe o chamou
            As palavras ele e o substituem o nome Mauro, que é a 3ª pessoa do discurso, ou seja, a pessoa de quem se fala. Ele e o, aqui, são pronomes pessoas.
            Pronomes pessoais são palavras que substituem os nomes e representam as pessoas do discurso.

As pessoas do discurso (ou pessoas gramaticais) são três:
§  1ª pessoa
A que fala: eu, nós
§  2ª pessoa
A com quem se fala: tu, vós
§  3ª pessoa
A pessoa ou coisa de que se fala: ele, ela, eles, elas
Os pronomes pessoais subdividiam-se em retos e oblíquos.
§  Pronomes Retos
Funcionam, em regra, como sujeitos da oração
§  Pronomes oblíquos
Funcionam como objetivos ou complementos
Exemplos:


Sujeito               Objeto                 Verbo
Eu                           Te                    Convido
Nós                         O                     Ajudamos
Ela                          Me                  Chamou
Eles                        Lhe                  Bateram


Quadro dos pronomes pessoais
Pessoas do discurso
Pronomes retos
Pronomes oblíquos
Função subjetiva
Função objetiva
1ª singular
Eu
Me, mim, comigo
2ª singular
Tu
Te, ti, contigo
3ª singular
Ele, ela
Se, si, consigo, lhe o, a
1ª singular
Nós
Nos, conosco
2ª singular
Vós
Vos, convosco
3ª singular
Eles, elas
Se, si, consigo, lhes, os, as

Quanto à acentuação, os pronomes oblíquos dividem-se em:
§  Tônico
Mim, ti, si, comigo, etc.
§  Átonos
Me, te, se, lhe, lhes, o, a, os, as, nos e vos.
Associados a verbos terminados em –r, -s ou –z, os pronomes o, a, os, as assumem as antigas formar lo, la, los, las, caindo aquelas consoantes.
Exemplos:
Mandaram prendê-lo. Ajudemo-la. Fê-los entrar.
Associados a verbos terminados em ditongo nasal (-am, -em, -ão, -õe), os ditongos pronomes tomaram as formas no, na, nos, nas:
Trazem-no. Ajudavam-na. Dão-nos de graça. Põe-no aqui.
§  Pronomes oblíquos reflexivos

São os que se refletem ao sujeito da oração, sendo da mesma pessoa que este.

Exemplos:

Alexandre só pensa em si
O operário feriu-se ao subir no muro
Tu não te enxergas?
Eu me machuquei na escada
Nós nos perfilamos corretamente
A mãe trouxe as crianças consigo

1.      Pronomes de tratamento

Entre os pronomes pessoais incluem-se os chamados pronomes de tratamento, que se usam no trato com as pessoas, trato esse que, de acordo com o indivíduo a quem nos dirigimos, pode ser familiar, de respeito ou cerimonioso.

Eis os principais pronomes de tratamento:

Você: tratamento familiar
O Senhor, a Senhora: tratamento de respeito
A Senhorita: a moça solteira
Vossa Senhoria: para pessoas de cerimônia, funcionários graduados
Vossa Excelência: para altas autoridades
Vossa Reverendíssima: para sacerdotes
Vossa Eminência: Para cardeais
Vossa Santidade: para o Papa
Vossa Majestade: para reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial: para imperadores
Vossa Alteza: para príncipes, princesas e duques

Esses pronomes são da 2ª pessoa, mas se usam com as formas verbais da 3ª pessoa:

“Vossa Majestade pode partir tranquilo para a sua expedição.”
           
Referindo-se a 3ª pessoa, apresentam-se com o possessivo sua: Sua Senhoria, Sua Excelência, Sua Majestade etc.:

Sua Excelência volta hoje para Brasília

2.      Pronomes Possesivos
Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.
Quando digo, por exemplo, meu livro, a palavra meu informa que o livro pertence à 1ª pessoa (eu)
Eis as formas dos pronomes possessivos:

§  1ª pessoa do singular
Meu, minha, meus, minhas

§  2ª pessoa do singular
Teu, tua, teus, tuas

§  3ª pessoa do singular
Seu, sua, seus, suas

§  1ª pessoa do plural
Nosso, nossa, nossos, nossas

§  2ª pessoa do plural
Vosso, vossa, vossos, vossas

§  3ª pessoa do plural
Seu, sua, seus, suas

3.      Pronomes Demonstrativos

Pronomes demonstrativos são os que indicam o lugar, a posição, ou a identidade dos seres, relativamente às pessoas do discurso.

Exemplos:

Compro este carro (aqui). [O pronome este indica que o carro está perto da pessoa que fala]
Compro esse carro (). [O pronome esse indica que o carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa que fala]
Compro aquele carro (). [O pronome aquele diz que o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo]

Aos pronomes este, esse, aquele correspondem isto, isso, aquilo, que são invariáveis e se empregam exclusivamente como substitutos dos substantivos.

Exemplos:


Isto é meu
Isso que você está levando é seu?
Aquilo que Dario está levando não é dele

São os seguintes os pronomes demonstrativos:

§  Este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s), mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s), tal, tais, semelhante(s).
§  Isto, isso, aquilo, o, a, os, as

Exemplos:

Estes rapazes são os mesmos que vieram ontem
Os próprios sábios podem enganar-se
Não digas tal
Tais crimes não podem ficar impunes
Não faças semelhantes coisas
Ninguém sabe o que ele resolveu
Ela casou ontem. Não o sabias?
São poucos os que sabem isto
Sabeis ser gentis quando isso vos convém
Há três casas: a do meio é a nossa

Observações:

ü  O, a, os, as – que também podem ser artigos e pronomes pessoais – são pronomes demonstrativos quando equivale a isto, aquilo, aquele, aquela, aqueles, aquelas: Leve o (=aquilo) que lhe pertence. É esta a (=aquela) que você quer?
ü  Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em com pronomes demonstrativos: àquele, àquela, deste, desta, disso, nisso, no etc.
Exemplo: Não acreditei no que estava vendo.

4.      Pronomes Relativos

Veja este exemplo:

Armando comprou a casa que lhe convinha
A palavra que representa o nome casa relaciona-se com o termo casa: é um pronome relativo.

Pronomes relativos são palavras que representam nomes já referidos, com os quais estão relacionados. Daí denominarem-se relativos.

A palavra que o pronome relativo representa chama-se antecedente. No exemplo dado, o antecedente de que é casa.

            Outros exemplos de pronomes relativos:

Sejamos a Deus, a quem tudo devemos
O lugar onde paramos era deserto
Traga tudo quanto lhe pertence
Leve tantos ingressos quantos quiser
Era um monstro feroz, cujo bafo empestava o lugar
Levarei alguns livros na viagem, com os quais pretendo encher o tempo

Eis o quadro dos pronomes relativos:

VARIÁVEIS
INVARIÁVEIS
Masculino
Feminino
O qual
Os quais
A qual
As quais
Quem
Cujo
Cujos
Cuja
Cujas
Que
Quanto
Quantos
Quanta
Quantas
Onde

Observações:

ü  O pronome relativo quem só se aplica a pessoas tem antecedente, vem precedido de preposição e equivale a o qual: O médico de quem falo é meu conterrâneo.
ü  Os pronomes cujo, cuja significam do qual, da qual, e precedem um substantivo sem artigo: Qual será o animal cujo nome a autora não quis mencionar? [cujo nome = o nome do qual]
ü  Quantos(s) e quanta(s) são pronomes relativos quando precedidos de um dos pronomes indefinidos tudo, tanta(s), tanto(s), todos, todas: Tenho tudo quando quero. Leve tantos quantos precisar. Nenhum ovo, de todos quantos levei, se quebrou.
ü  Onde, coo pronome relativo, tem sempre antecedente e equivale a em que: A casa onde (=em que) moro foi de meu avô.

Os pronomes relativos nos permitem reunir duas orações numa só frase.


Exemplos:


Das árvores caíam folhas             Os planetas são súditos       O futebol é um esporte
O vento levava essas folhas         O rei deles é o Sol               O povo gosta muito deste
                                                                                                  esporte.

Das árvores caíam folhas,             Os planetas são súditos       O futebol é um esporte 
que o vento levava                        cujo rei é o Sol                    De que o povo gosta
                                                                                                   muito.



1.      Pronomes Indefinidos
Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do discurso, designando-a de um vago, impreciso.
§  Pronomes Indefinidos Substantivos
Funcionam como substantivos

Algo
Alguém
Fulano
Sicrano
Beltrano
Nada
Ninguém
Outrem
Quem, tudo

Exemplos:
Algo o incomoda?
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano escreve
Não faças a outrem o que não queres que te façam
Quem avisa amigo é.
Ele gosta de quem o elogia
A enchente levou tudo, nada se salvou

Observação:

ü  Quem, pronome indefinido, não tem antecedente.

§  Pronomes Indefinidos Adjetivos

Funcionam como adjetivo
Cada, certo, certos, certa, certas

Exemplos:

Cada povo tem seus costumes
Certas pessoas exercem várias profissões
Certo dia apareceu em casa um repórter

§  Ora são Pronomes Adjetivos, ora Pronomes Substantivos

Algum, alguns, alguma(s), bastante(s), (=muito, muitos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.

Exemplos:

Alguns contentam-se como pouco. [Pronome indefinido substantivo]
Alguns alunos têm pouco tempo para estudar. [Pronome indefinido adjetivo]
Menos palavras e mais ações
Não leve no bolso muito dinheiro
Dois tripulantes se salvam, os demais pereceram
Quantos há ali a quem a fome obriga a aceitar quaisquer tarefas!
Não sabíamos que fazer
Estava invadida não sei por que estanhos sentimentos
Que loucura cometeste!
O médico atendia a quantos o procurassem
Diz as coisas com tal jeito que todos o aprovam
Uns partem, outros ficam

§  Locuções Pronominais Indefinidos

Cada qual, cada um, qualquer um, quem quer (que), um ou outro, uma ou outra etc.

Exemplos:

Cada qual fazia a sua comida
Apenas uma ou outra pessoa entrava naquela loja

2.      Pronomes Interrogativos

Aparecem em frases interrogativas. Como os indefinidos, referem-se de modo impreciso à 3ª pessoa do discurso.

Exemplos:


Que há?
Que dia é hoje?
Reagir contra quê?
Por que motivo não veio?
Quem foi?
Qual será?
Quantos vêm?
Quantas irmãs tens?


Emprego do Pronome
·         Via de regra, os pronomes pessoais retos empregam- se como sujeitos, e os oblíquos como objetos ou complementos.
Exemplo:
Ele sempre me ajuda.
Sujeito      Objeto direto
·         Contudo, as formar retas ele(s), ela(s), nós, vós, como vimos, também se usam como função objetiva, mas regida sempre de preposição.
Exemplos:
Pagarei a ele mesmo.
Atiraram contra nós

Foi uma cena inédita; os que a ela assistiram ficaram impressionados.
·         As formas o, a, os, as empregam- se como objetos diretos:
Ninguém o agrediu
Se a vejo triste, consolo- a
As crianças os seguiam
Os homens as admiram

·         As formas átonas lhe, lhes, usam- se como objetos indiretos:
Cedo- lhe a vez
Obedece- lhes com alegria
Não lhe pagou a dívida
Ensinei- lhes o caminho

·         Os pronomes me, te, se, nos, vos são objetos diretos ou indiretos, conforme o verbo transitivo direto ou indireto:

Objeto direto
Ele me estima
Todos te esperam
A criança feriu- se
Ele nos convidou
Sigo- vos

Objeto indireto
Ele me obedece
Cedo- te o lugar
Dá- se ares de importante
Perdoe- nos
Pergunto- vos



·         As formas tônicas mim, ti e si são sempre regidas de preposição:
Ela sentou- se entre mim e Lúcio
Ele estava entre Nair e mim
Podes viver sem mim, não posso viver sem ti
Ele venceu por si. Eles discutiam entre si, mas não brigavam
O estrondo chegou até mim
Eu ou mim?

·         Observe- se o uso correto destes pronomes:
Ele deu o livro para mim
Ele dera o livro para eu guardar. [E não: para mim guardar]
Não é difícil, para mim, ir lá. [= Para mim não é difícil ir lá]
Fizeram tudo para eu ir
Não vá sem mim. Não vá sem eu mandar

Note bem: emprega- se eu quando for sujeito de um verbo no infinitivo.
Eu- após o pronome- verbo no infinitivo
Mim- antes da vírgula, final de frase, indicação.

·         Os pronomes reflexivos si e consigo devem referir- se ao sujeito da oração.
Exemplos:

O egoísta só pensa em si. [si refere- se ao sujeito egoísta]
Marcos levou a filha consigo. [consigo refere- se ao sujeito Marcos]
Eles reservaram os melhores lugares para si
Você deve é cuidar de si e deixar os outros em paz
O senhor guarde o recibo consigo
O vento traz consigo a tempestade
Inácio queria aquele importuno bem longe de si
Passam os vândalos, deixando após si destruição e lágrimas
São consideradas incorretas frases em que si e consigo não se referem ao sujeito da oração, como estas:

Eu tenho um recado para si, Regina. [eu: 1ª pessoa; si: 2ª pessoa]
Mestre, nós queremos falar consigo. [nós: 1ª pessoa; consigo: 2ª pessoa]

Segundo o padrão culto, as construções corretas são:

Eu tenho um recado para você, Regina.
Mestre, nós queremos falar com o Senhor.

·         Em vez de conosco, convosco, diz- se com nós, com vós, sempre que esses pronomes vierem acompanhados de palavra determinativa, como próprios, mesmos, outros, todos, etc.:

Com nós outros isso não acontece. Falei com vós mesmos
O Barco virou com nós três.

·         As sequencias pronominais se o, se a, se os, se as são errôneas. Não se deve dizer, portanto:

Teu livro é bom, mas não se o encontra em parte alguma
Os erros não se os cometem imprudente
Roupa fica mais limpa quando se a lava com sabão
As vezes são livres, não se as deve prender.

As construções corretas são:

Teu livro é bom, mas não se encontra (ou não é encontrado) em parte alguma.
Os livros não se cometem impunemente
Roupa fica mais limpa quando se lava (ou quando lavado) com sabão
As aves são livres, não se deve prendê-las.

·         Os pronomes oblíquos substituem muito elegantemente os possessivos em frases como as seguintes:

O barulho perturba- me as ideias. [O barulho perturba as minhas ideias]
A bala feriu- lhe o braço. [A bala feriu o seu braço]
O vento nos despenteava os cabelos. [O vento despenteava os nossos cabelos]
Ana chamou a criança e lavou- lhe os pés
“O terror lhes contorce subitamente as faces.”


O pronome SE

O pronome se aparece na frase como:

·         Pronome reflexivo, com a função sintática de objeto direto de verbos reflexivos:

Se você está doente, trate- se.

·         Pronome reflexivo, com a função de objeto indireto de verbos reflexivos:

Ele arroga-se o direito de intervir. [se = a si]
Ela impôs-se uma dieta severíssima
O rapaz dá-se muita importância. [se = a si]
Atribuem-se qualidades que não têm

·         Pronome reflexivo, com a função de objeto direto de verbos reflexivos recíprocos:

Os dois amam-se como irmãos
“Os dois homens cumprimentaram-se friamente.”

·         Pronome reflexivo e objeto indireto de verbos reflexivos recíprocos:

Deram-se provas de profunda amizade
Avó e neta queriam-se muito. [uma queria muito à outra]

·         Pronome reflexivo, sujeito de um infinitivo:

O cego deixa-se levar pelo guia

·         Pronome apassivador. Forma a voz passiva pronominal:

Ouviram-se gritos de dor
Sabe-se que as línguas evoluem
“Jabuticaba chupa-se no pé”

·         Índice de indeterminação do sujeito:

Aqui vive- se em paz. Trabalhou-se com prazer
Detesta-se aos aduladores. Responde-se às cartas
Trata-se e indivíduos aproveitadores

·         Palavra expletiva ou de realce. Neste caso o pronome se transmite à ação verbal, ênfase, ou certa espontaneidade:

As moças sorriram-se agradecidas. [As moças sorriam, agradecidas]
Vai-se a primeira pomba despertada...”
“O auditório riu-se ao ouvir tantas afirmações tolas”

Observação:

ü  No caso em apreço, o pronome se, não tendo valor gramatical, mas apenas estilístico, não exerce função sintática.

·         Parte integrante de verbos que exprimem sentimentos, mudança de estado, movimento, etc., como queixar- se, arrepender- se, alegrar- se, converter- se, afastar- se e outros verbos pronominais.

Observação:

ü  O se que se associa a esses verbos não tem função sintática


Pronomes Demonstrativos

·         De modo geral, os demonstrativos este(s), esta(s), isto se aplicam às pessoas ou coisas que se acham perto da pessoa que fala ou lhe dizem respeito; ao passo que esse(s), essas(s), isso aludem a coisas que ficam próximas da pessoa com quem se fala ou a ela se referem.

Exemplos:

Leve este livro para você
Esse relógio é seu, Ricardo?
Esta é a minha opinião
Não sei onde andas com essa cabeça, Antônio!
Isto (que eu tenho) é o que há de melhor
Isso (que dizes) não me parece certo.

·         Usa-se nisto adverbialmente, como sinônimo de nesse momento, nesse entretempo:

Nisto deu o vento e uma folha caiu.”

·         Não raro os demonstrativos aparecem na frase com finalidades expressiva, para salientar algum termo anterior:

O chefe da rebelião, esse tratou de fugir
Ter sede e não poder beber, isto é que é atroz!
“A estrada do mar, larga e oscilante, essa, sim, o tentava.”

·         O pronome demonstrativo neutro o pode representar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira.

Exemplos:

Ia dizer-lhe umas palavras duras, mas não o fiz
Era uma bela ponte, ele próprio o reconhecia.”
Quiseram gratificar- me, o que me deixou constrangido
Se lagoa existiu, pouca coisa o indica.”

Diz- se corretamente:
Não sei (o) que fazer

Mas:
Tenho muito que fazer. [e não: Tenho muito o que fazer.]

·         Em frases como a seguinte, este refere- se à pessoa mencionada em último lugar, aquele à mencionada em primeiro lugar:

Fábio e seu amigo Vitor tinham temperamentos opostos: este era calmo, aquele, agitado e nervoso. [este = Vitor; aquele = Fábio]

·         O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irônica:

“A senhora foi a tal que usou minha cozinha?”

Pronomes Relativos

·         O antecedente do pronome relativo que pode ser um substantivo ou um pronome.

Exemplos:

coisas que aprendemos tarde
“Bendito o que, na terra, o fogo fez, e o teto.”
[O pronome que refere- se ao pronome demonstrativo o.]

·         Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo que:

“A sala estava cheia de gente que conversa, ria, fumava.”
[que ria, que fumava]

·         O relativo quem é sempre regido de preposição e na língua moderna se refere exclusivamente a pessoas ou coisas personificadas:

Procurei o diretor, a quem expus meu caso
O funcionário por quem fui atendido mostrou- se gentil

·         Cujo (e suas flexões) equivale a do qual:

O cavalo é um animal cujo pelo é liso. [=o pelo do qual é liso.]
As abelhas, cuja operosidade é proverbial, vivem em colmeias.

Observação:

ü  O substantivo determinado por este pronome não virá precedido de artigo: cujo pelo (e não: cujo o pelo).

·         O relativo o qual (e suas flexões), principalmente quando regido de proposição, pode substituir o pronome que:

É um passado extinto e de que (ou do qual) ninguém se lembra.
Eis o magno problema por que (ou pelo qual) me bato

Por amor da clareza, usa-se o qual em vez de que, quando este vier distanciado do seu antecedente, ensejando falsos sentidos:

Regressando de Ouro Preto, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado.

Observação:

ü  O pronome relativo o qual aparece, geralmente, em orações adjetivas explicativas:

·         As preposições ante, após, até, desde, durante, entre, perante, mediante, segundo (vale dizer, preposições com duas ou mais sílabas), bem como as monossílabas sem e sob e todas as locuções prepositivas, constroem-se com o pronome o qual e nunca com o pronome relativo que. As preposições contra, para e sobre usam-se, de preferencia, com o pronome o qual.

Exemplos:

Perguntei qual era o tema sobre o qual devia falar
Iniciou-se então o julgamento dos réus, durante o qual houve um pequeno tumulo.
“E havia a grande mangueira sob a qual um grupo de crianças tranquilamente ouvia as historias que uma mulher contava.”
“Observava a presença de pequeníssimos corpúsculos, sem os quais a água perdia aquelas propriedades fosforescentes.”
“Havia também um tanque, em torno do qual a empregada se agitava.”

As preposições monossílabas a, com, de, em e por, quando iniciam orações adjetivas restritivas, empregam-se, de preferencia, com o pronome que:

A moça [a que me refiro] não é desta cidade
Não encontrei os livros [de que passamos] atravessava a mata
O atalho [por que passamos] atravessava a mata

·         Como já vimos, os pronomes relativos vêm precedidos da preposição (ou locução prepositiva) quando o verbo da oração adjetiva a reclamar.

Exemplos:

Ainda me lembro dos passeios a que ele me levava
São muitas as pessoas de quem dependemos

Observações:

ü  Distinga-se por que (= pelo qual) de porque (conjugação) e de por que (advérbio).

ü  De acordo com o Vocabulário Ortográfico, escreve-se o advérbio interrogativo por que em duas palavras: “Por que não vens?”, “Queria saber por que não vens.” Contudo, a grafia porque, numa só palavra, é mais acertada e coerente e a que melhor se harmoniza como o nosso sistema ortográfico.

Colocação Pronominal

É a posição do pronome oblíquo átono em relação ao verbo que ele acompanha.

Atualmente, a colocação pronominal no português brasileiro é majoritariamente feita por meio da próclise, isto é, da colocação antes do verbo. É possível, entretanto, em determinadas construções, em geral mais formais, encontrar outras formas de colocação pronominal.
A gramática normativa classifica a colocação pronominal em três tipos:

·         Próclise: pronome colocado antes da forma verbal.
Exemplo: “Sempre me predispõe”.

Os casos de próclise acontecem normalmente em orações em que antes do verbo haja:
Palavra de sentido negativo (ninguém, nunca, não, nada etc.).
ExemploNunca me convidam para aniversários.

§  Conjunção subordinativa

Exemplo: “Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto.” (Caetano Veloso)

 

§  Advérbio

ExemploAssim se resolvem os conflitos.
Obs.: Caso ocorra pausa depois do advérbio (marcada por vírgula), ocorrerá a ênclise:
Assim, resolvem-se os problemas.

§  Pronome indefinido

ExemploTudo se acaba no tempo.

§  Pronome relativo

Exemplo: Não encontrei o caminho que me indicaram.
A próclise é observada também nas orações iniciadas por palavras interrogativas e exclamativas e nas orações optativas (orações que exprimem um desejo).
Exemplos:
Quem te disse que ele não viria? (frase iniciada por palavra interrogativa).
Quanto me custa dizer a verdade! (frase iniciada por palavra exclamativa).
Deus te proteja. (frase optativa).
·         Ênclise: pronome colocado depois da forma verbal.
Exemplo: “Lançou-me a ideia”

A ênclise acontece geralmente nos seguintes casos:

§  Com o verbo iniciando a frase

ExemploComenta-se que ela deverá receber o prêmio de melhor atriz.

§  Com o verbo no imperativo afirmativo

Exemplo: Rapazes apresentem-se ao diretor.

§  Com o verbo no gerúndio

Exemplo: Modificou a palavra, tornando-a ambígua.
Obs.: nos casos em que o gerúndio é precedido pela preposição em, ocorrerá a próclise:
ExemploEm se tratando de cinema, prefiro filmes europeus.

§  Com o verbo no infinitivo impessoal

Exemplo: Vim pessoalmente entregar-te os formulários.
Obs.: se o verbo no infinito impessoal vier precedido de palavra atrativa, é indiferente a ênclise ou a próclise:
Exemplo: Desejo sinceramente perdoar-lhe.
Desejo sinceramente lhe perdoar.
·         Mesóclise: pronome colocado no meio da forma verbal
Exemplo: “Ir-me-ia emprestar”.

A mesóclise só ocorre quando o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo.
Exemplos:
Convidar-me-ão para a solenidade de posse da nova diretoria.
Convidar-te-ia para viajar comigo, se pudesse.
Nas situações em que o verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo venha precedido por pronome pessoal reto, ou de alguma palavra que exija a próclise, esta será de rigor:
Eles me convidarão para a solenidade de posse da nova diretoria.
Não me convidarão para a solenidade de posse da nova diretoria.
Sempre te convidaria para viajar comigo, se pudesse.
Eu te convidaria para viajar comigo, se pudesse.

Colocação pronominal nas locuções verbais e nos tempos compostos

Nas locuções verbais em que o verbo principal está no infinitivo ou no gerúndio, o pronome oblíquo átono pode ser colocado, indiferentemente, depois do verbo auxiliar ou depois do verbo principal:
Quero-lhe apresentar os meus primos que vieram da capital.
Quero apresentar-lhe os meus primos que vieram da capital.
Ia-lhe dizendo as razões da minha desistência.
Ia dizendo-lhe as razões da minha desistência.
Caso ocorra antes da locução verbal palavra que exija a próclise, o pronome oblíquo poderá ser colocado, indiferentemente, antes do verbo auxiliar, ou depois do verbo principal:
Não lhe quero apresentar os meus primos que vieram da capital.
Não quero apresentar-lhe os meus primos que vieram da capital.
Alguém lhe ia dizendo as razões da minha desistência.
Alguém ia dizendo-lhe as razões da minha desistência.
Nos tempos compostos e nas locuções verbais em que o verbo principal está no particípio, a colocação dos pronomes oblíquos átonos será feita sempre em relação ao verbo auxiliar e nunca em relação ao particípio, podendo ocorrer a próclise, a mesóclise ou a ênclise, conforme as orientações apresentadas anteriormente:
Havia-lhe contado os verdadeiros motivos da minha desistência.
Nunca o tinha visto antes.
Tê-lo-ia procurado, se tivesse tempo.
Sentiu-se rejeitado pelos colegas.
Ficou tímido porque se sentiu rejeitado pelos colegas.
Se não o convidarem, sentir-se-á rejeitado pelos colegas.
Nas locuções verbais e nos tempos compostos, quando se coloca o pronome oblíquo átono depois do verbo auxiliar, pode-se usar o hífen ou não:
Vou-te devolver o livro amanhã.


Postagem realizada pela aluna Gislaine

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